Trauma: Vamos quebrar o ciclo?
Quebra o ciclo do trauma. Como as histórias do passado condicionam o teu presente Carregas contigo não apenas as tuas próprias experiências, mas também aquelas que herdaste da tua família. Os traumas, os medos e as inseguranças dos teus pais, avós e bisavós moldam, muitas vezes sem dares por isso, as tuas escolhas e a forma como vives. Quando eras criança, eras especialmente vulnerável e dependente, absorvendo os medos e os padrões dos teus cuidadores. Por exemplo, uma mãe muito insegura pode ter-te transmitido os seus próprios receios, tornando-os parte da tua visão do mundo. Assim, acabaste por carregar traumas que nem sequer são verdadeiramente teus, ligados a situações que nunca viveste diretamente. Esses traumas herdados podem vir de histórias de pobreza, escassez, guerra, emigração ou violência. Mesmo que não conheças os detalhes, os seus efeitos manifestam-se no teu presente, limitando as tuas escolhas e decisões. O medo de arriscar ou a dificuldade em avançares em direção ao que realmente queres podem ter raízes em experiências familiares que nunca foram processadas nem reorganizadas de forma saudável. O Trauma não é apenas um grande evento Talvez penses que o trauma se resume a um grande acontecimento, como um acidente, tragédia ou catástrofe. Atualmente sabemos que visão está longe de ser completa. Isto porque quando falamos em trauma, falamos sobretudo de uma experiência individual e subjetivo: o que fica em cada um de nós em sequência do que acontece e não unicamente o que acontece. Existe também o trauma complexo, menos evidente, mas igualmente impactante.Não está ligado a um único evento, mas a uma exposição prolongada a experiências negativas, como abuso emocional, negligência, bullying ou ambientes de stress contínuo. Engloba o que acontece, mas também a dor do que não aconteceu, das expectativas defraudadas, das desilusões, do que falhou ou não chegou na medida certa. Os seus sintomas – ansiedade, dificuldade em confiar, baixa autoestima – são difíceis de identificar, porque acabam por se tornar parte de quem és. É um peso invisível que carregas sem sequer questionares de onde veio ou como começou. “Sou assim, vou fazer o quê?” – Começa por aceitar que não tens de ser “assim” se isso não te satisfaz. Como seria quebrar o ciclo? E se pudesses viver sem ser condicionado por esses traumas? Imagina uma vida onde as tuas escolhas não fossem limitadas por medos ou inseguranças que, muitas vezes, nem são teus. Quebrar o ciclo é possível, mas exige consciência e trabalho interno. Reconhece que carregas mais do que as tuas próprias experiências. Questiona os padrões que parecem inquebráveis. Procura ferramentas – terapia, autoconhecimento, apoio – para romperes com esses condicionamentos e construíres um caminho alinhado com o que realmente desejas. A herança mais valiosa que podes deixar às próximas gerações é a coragem de curar e fazer diferente. Mereces isso e só tu podes fazer algo nesse sentido. Ninguém pode garantir que vai ser fácil. Pelo contrário. Mas também não é nada fácil viver condicionado, verdade? Vale a pena, porque TU vales a pena.